quarta-feira, 4 de junho de 2014

Educação e aulas de Artes‏

Existem diversos erros que deveriam ser atendidos como prioridade na Educação Brasileira, entretanto estes se encontram atrelados a interesses coorporativos e argumentos sensacionalistas que responsabilizam ou poupam parcelas das responsabilidades distribuídas entre pais, escola, mídia, gestão, professor e construção social, pontuando como influencias positivas ou negativas, passando mais tempo debatendo, julgando e disputando argumentos do que buscando soluções dentro de uma coletividade de trabalho.
O que proponho aqui é uma reflexão diante destes apontamentos com foco na proposta pedagógica padrão do estado e prefeitura, que apesar de partir de experiências pessoais acaba por ser uma realidade global que repercuti na Educação em sua forma e conteúdo.
Analisando as propostas pedagógicas com foco no plano de ensino, observei por meio da prática que a percepção do processo especificamente na arte se encontra ainda atrasado, seu engessamento se dá pelo fato de um trabalho por cima da projeção de um planejamento inconscientemente falho, ditado pela ideia que se tem de ensinar Arte, onde que por consequência prática a instituição passa encarar com desprezo qualquer proposta que mobilizaria esta estrutura que apresenta uma maleabilidade desfasada, baseada numa estrutura curricular.
Nesta superficialidade pode se dizer que obtém como resultado nada além do que a própria projeção que é priorizada como ênfase burocrática.
Uma ingênua visão da parte do Educador ao trazer algo inovador (em cima da proposta já enraizada) que não apresente forte poder de argumentação para driblar conceitos sociais,que não faça parte de interesses bases frutos de capitais, acaba por ficar propenso a rápido descarte. A dificuldade neste caso é de vivenciar o processo enquanto evolução, pois fica-se preso ao que é projetado, não tendo assim o menor valor quanto ao que planeja quando não se deixa livre para fluir, não havendo acolhimento na aplicação livre enquanto experimento.
Partindo de oportunidades que percorri em diversas experiências como Arte Educadora, dentro de projetos, cito aqui como exemplo um convite para dar aulas numa Ong vinculada a prefeitura de SP localizada no Morumbi, onde atendem comunidades carentes da região.Nesta recente experiência pude compreender a forma como lidam com o ensino,trata-se de um plano de aulas rotineiro elaborado como um script repetitivo, e apesar de suas particularidades, ainda se encontra muito semelhante ao Estado em termos de planejamento que generaliza conhecimentos a serem passados no decorrer do ensino infantil, além da sobrecarga exigindo um resultado imediato com foco estético não dando atenção a construção dos processos como prioridade.
 No ato de ensinar arte o professor se depara com uma limitação dessa própria estrutura, onde pela visão pedagógica implantada se entende o conhecimento de Arte como uma forma de lazer e distração ao indivíduo e, em seus procedimentos existem adereços que tem por sua finalidade enfeitar espaços em datas comemorativas. O processo de aprendizagem deste indivíduo é, portanto pensado como parte de uma massa no qual o Educador tem como obrigação manobrar e grande parte do tempo pensa-se em estratégias para controle e ordem de acordo com seguimentos de regras.
O profissional da área então se depara com uma responsabilidade de mediação de conflitos entre os alunos, cuidar da burocracia de registros de aulas, lidar com superlotação em sala, falta de materiais didáticos básicos necessários, tempo curto de aula, inclusão de portadores de necessidades especiais em graus diferentes sem qualquer outro tipo de acompanhamento, atender a dificuldades particulares das propostas no decorrer das aulas identificando métodos diversos.
Dentre muitos fatores precários, nos deparamos com uma gestão que é induzida pelo sistema de ensino a entender qualquer quebra de paradigma e tentativa de reverter situação mecanizada como falta de entendimento de uma proposta base imposta, além de incompetência profissional ao segmento da mesma, zelando assim por uma ordem e um resultado pré-estabelecido que de fato não existe na prática, ou no mínimo se baseia em atitudes opressoras mas feita em diversas tentativas sutis e até mesmo oculta/ inconsciente s de abordagem numa mutação entre causa e consequência, fazendo com que haja pouca comunicação entre professor, gestão, pedagogia, pais e alunos. Resulta, portanto em apenas apontamentos e vistorias. Ainda que haja uma equipe pedagógica, muitas se encontram na superfície do fazer artístico enquanto processo de aula e necessidade humana, não é capaz de sair da estrutura base privada de se pensar Arte como parte integrante do ser que se expande “de”, e “para” várias vertentes.
Temos como consequência uma sabotagem desfavorável para o professor em si ,e para os que têm um olhar inconformado com o conformismo dentro do sistema de ensino, trata-se de uma falta de consciência humana uns com outros como pessoas, levando em consideração  que nossa cultura cultiva a importância da imagem e pouca reflexão, pois padroniza-se tudo.
 E que imagem é esta?  A imagem de uma criança maquiada no intuito de enfatizar glamour como ao de uma celebridade, de uma música que ostenta desejos, de uma mídia que banaliza valores e trabalha por cima apenas de opiniões que convém interesses coorporativos, e uma copa cara, propagandeada e idolatrada pela cultura que se dissolve em escolas e universidades fajutas que são condicionadas ao treino intensivo para encaixá-lo ao mercado de trabalho como ciclo vicioso dessa geração virtualizada.
A qualidade de ensino num todo, portanto vai se denigrindo á saturação gregária e mecânica; Como proposta inovadora enfatizo a Arte a ser pensada como solução, algo que não está estacionado em planos de ensinos arcaicos, pois ela sempre está acompanhando o período histórico em toda essência humana refletindo sua vertente atemporal,  não estando restrito a quem trabalha num ambiente que prioriza arte, nem ao Professor de Arte, Arte Educador ou Artista, pois ela se dissolve em consciência cósmica existencial.
A visão conformada entendida como algo comum que se projeta na Educação separa tudo de um todo onde os métodos não mudam, os valores são invertidos, a reprodução é evidente e o caos é gritante.
 A Arte em si é livre e muitas vezes incomoda, sendo assim automaticamente um veículo de mudança que quebra barreiras, unindo conhecimentos que desperta habilidades necessárias para desenvolvimento humano como ser amplo e pensante, é, portanto procedimento contínuo como galhos de uma árvore em crescimento partindo de uma raiz, e que se estende para percepção de cores, descobertas de formas, geometria, perspectivas, simetria, prontidão, movimento, desenvolvimento sensorial,motor,estratégico, poético e suas inúmeras formas de estudos.
 Quando pessoas reconhecerem a imagem de si mesmo como múltiplo capaz em sua plena essência indentidária e não como rótulos profissionais, estaremos prontos para vivenciar e praticar experiências dentro de métodos mais eficientes para formação de um ser atuando de fato rumo a uma nova geração menos pré- conceituosa mais respeitosa e mais pensante.

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